domingo, 26 de maio de 2013

A Arte Sequencial como Instrumento da Educação

A Arte Seqüencial como Instrumento da Educação



Will Eisner cunhou a expressão arte seqüencial, que me parece mais adequada para definir esta forma artística que, principalmente entre nós brasileiros é vista sob forte preconceito.
Se toda forma de amor vale a pena, toda forma de expressão também vale.
Curiosamente, em outros países não é assim. Na Austrália, por exemplo, as histórias do “Fantasma”, criação de Lee Falk, são adotadas nas escolas, pela sua precisão histórica.
Outra forma equivocada é pensar que a arte seqüencial é destinada a crianças e adolescentes.
Desde Robert Crumb, Art Spielgeman e outros, que já não é assim.
Aliás, o próprio Eisner fez belas crônicas da cidade de Nova Iorque e seus habitantes, que se constituem em crônicas sociais belíssimas.
No Japão, a arte seqüencial (chamados mangas), muito antes disso já eram lidos por pessoas de todas as idades, independentemente de sexo, classe social ou nível cultural.
Talvez isso se dê pelo forte entrelaçamento entre todos os aspectos da vida nipônica e a arte (a arte do chá, da caligrafia, artes marciais, etc.), bem como por se tratar de uma forma de expressão hideogramática como é o própria escrita japonesa, assim como a chinesa.
Em 1972 Keiji Nakazawa escreveu e desenhou “Gen Pés Descalços”, que conta a vida de Gen e sua família, habitantes de Hiroshima em 1945.
O enredo é autobiográfico e tem uma precisão histórica incrível.
Ressalta a imparcialidade de Nakasawa, que nasceu em Hiroshima em 1939 e, como Gen (seu alter ego), perdeu quase toda a família em 06 de agosto de 1945, pelo lançamento da bomba atômica (apelidada de little boy), pelo avião “Enola Gay”.
Nakasawa não vitimiza os japoneses e nem demoniza os americanos, mas revela  a insanidade da Guerra e adverte para o risco do patriotismo cego e irracional, que reverbera no fanatismo, seja de qual lado for.
Ele revela, ainda o sofrimento e a discriminação sofrida por aqueles que se opunham a guerra e tinham uma visão pacifista.
Depois de Gen, vieram outros aqui no ocidente e oriente, exemplos clássicos são Maus (ratos em alemão) de Art Spielgman, que relata o sofrimento dos judeus na guerra, sobretudo seu pai e revela o relacionamento complicado de Art e seu pai, bem como todo o sofrimento que este enfrentou durante a guerra, o campo de concentração, bem como a dificuldade de adaptação em face dos traumas sofridos.
Persépolis, por sua vez é a autobiografia de Marjane Satrapi e o sofrimento vivido no Irã desde o início do regime Xiita em 1979. Chegou a ser proibida nos EUA (o que por si já recomenda) e tornou-se filme de animação, tão premiado quanto á novela gráfica.
Joe Sacco, por sua vez, produziu reportagens de profundo valor informativo e histórico como Palestina e Saravejo, transformando relatos, depoimentos e fatos em imagens impressionantes que não poderíamos apreender por um texto jornalístico comum.
Por isso, precisamos superar o preconceito e adotar em nossas escolas obras como essa que reúne arte e informação em um só trabalho.
Creio que assim estaríamos avançando na metodologia educativa não só dos nossos alunos, mas como de nós mesmos.


                                                                            Swami Satyananda 

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