terça-feira, 7 de janeiro de 2014

DEVEMOS ACEITAR O SOFRIMENTO?



Devemos Aceitar o Sofrimento?


Uma das afirmações mais contundentes que tenho ouvido ao longo dos anos é afirmação “devemos aceitar o sofrimento”.
Converto tal afirmação em um primeiro questionamento que será desdobrado em outros: Devemos aceitar o sofrimento?
O primeiro desdobramento a fazer é perguntar-se: O que é Aceitar?
A palavra aceitar vem do latim acceptio, que significa receber, que metaforicamente significa compreender uma expressão, palavra ou sentido.
Daí já se deduz que a questão está em receber ou compreender o sofrimento.
A segunda questão que se coloca é a pergunta: O que é sofrimento?
Do latim sufferire, uma variante de sufferre, que quer dizer sob ferros, ou  seja, submetido, agüentar, carregar, etc.
Logo, sofrimento é a opressão constante, a dor ou submissão que não cessa.
Entende-se, pois, que não é qualquer dor ou sofrimento que se entende como tal, mas apenas aquela opressão de natureza permanente.
Logo aceitar o sofrimento é receber ou compreender a natureza da opressão ou da submissão permanente. Significa compreender a natureza do estado de não liberdade (lembre-se que o significado literal é estar submetido a ferros, ou preso) e as dores resultantes desta condição.
Na obra “Vida e Morte de Krishnamurti, nos deparamos com a sua determinação ao enfrentar as dores advindas do seu processo de descoberta e muitas delas manifestadas como padecimento físico.
Entretanto, já encerrado este processo, submetido à intensa dor física, no fim de sua vida, K., como gostava de referir a si mesmo, pede que lhe sejam administrados analgésicos. Contradição?
Não, o que ocorre é que as dores decorrentes do processo de descobrimento e amadurecimento é que devem ser  enfrentadas.
Krishnamurti afirma que para despertar a consciência é necessário que o ser humano atravesse, sem fugas, todas as nuances internas, à despeito de todo o sofrimento que terá que suportar, até ultrapassá-los.
Este é o verdadeiro significado da aceitação do sofrimento.
Neste sentido, dúvidas não me restam de que ele deve ser aceito.
Mas a compreensão deste significado é fundamental, para que não nos transformemos em masoquistas ou adeptos do auto flagelo, rogando por uma recompensa vindoura, que se traduz em mera ilusão.




Nenhum comentário:

Postar um comentário